'Fantasma dos Pampas': conheça o gato selvagem que vive no RS e é um dos mais raros do mundo

  • 20/12/2025
(Foto: Reprodução)
Conheça o gato selvagem que vive no RS e é um dos mais raros do mundo Um felino discreto que habita o bioma Pampa, o gato-palheiro-pampeano (Leopardus munoai) está criticamente em perigo de extinção. Com uma população estimada em apenas 243 indivíduos adultos no Brasil, a espécie é chamada por pesquisadores de "fantasma dos pampas", por sua raridade, e enfrenta a rápida destruição de seu habitat nos campos nativos, principalmente no Rio Grande do Sul. No início deste mês, um gato-palheiro-pampeano foi encontrado morto na BR-392, em Bagé, na Fronteira Oeste. Segundo o grupo Felinos do Pampa, que monitora a situação desses animais no RS, era um macho com idade entre 3 e 4 anos. Segundo especialistas, os atropelamentos são uma das principais causas de morte desses animais. Saiba mais abaixo. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp Com pelagem pardo-acinzentada, orelhas triangulares e focinho rosado, o animal possui uma camuflagem perfeita para se esconder na vegetação seca do Pampa. Essa aparência por muito tempo fez com que fosse confundido com uma subespécie de outro felino. No entanto, análises genéticas e morfológicas recentes confirmaram que o Leopardus munoai é uma espécie distinta. A descoberta, segundo o grupo Felinos do Pampa, torna o status de conservação ainda mais delicado, porque indica que sua população é menor e mais frágil do que se imaginava. 🧬 Um estudo realizado pelos pesquisadores Fabio Oliveira do Nascimento, Jilong Cheng e Anderson Feijó, a partir da análise de 142 exemplares conservados em mais de 20 museus de história natural ao redor do mundo, mostrou que são cinco espécies conhecidas como "gato-palheiro" (sendo o pampeano a mais ameaçada no Brasil): Leopardus colocola (Chile central), Leopardus pajeros (Argentina central e sul), Leopardus garleppi (Andes tropicais), Leopardus braccatus (Cerrado e Pantanal brasileiros), e o Leopardus munoai. Infográfico - Perda de habitat e ameaças diretas colocam gato-palheiro-pampeano em risco de extinção Arte/g1 🔍🍃O bioma Pampa, também conhecido como campos sulinos, está localizado no Brasil exclusivamente no Rio Grande do Sul, onde cobre 63% do território, mas também se estende pelo Uruguai, Argentina e Paraguai. O termo, de origem quíchua, significa "região plana" e descreve a paisagem dominante de planícies e relevos suaves, as chamadas coxilhas, cobertas por vegetação rasteira. Considerado um patrimônio cultural, o bioma possui uma rica biodiversidade, com cerca de 3 mil espécies de plantas e quase 500 de aves. Sua paisagem está historicamente associada à cultura gaúcha e à pecuária em campo nativo, prática que ajudou a conservar seus ecossistemas. A espécie depende especificamente dos campos nativos, ecossistema encontrado em áreas de pecuária tradicional, que está se tornando cada vez mais raro. "Onde tem essa pecuária tradicional, onde tem o gado, aquela figura do gaúcho a cavalo tocando gado, é onde está o gato-palheiro", afirma Felipe Peters, biólogo e pesquisador. Felino gaúcho, o gato-palheiro-pampeano tem visto seu habitat nativo diminuindo Felipe B. Peters Dados levantados pelo projeto de pesquisa mostram que, em apenas 15 anos, o habitat nativo do felino diminuiu mais de 25%. No mesmo período, as áreas destinadas à agricultura, como plantações de soja, e à silvicultura, para produção de papel e celulose, cresceram quase 30%, substituindo diretamente o ambiente do animal. "Essa tradição [da pecuária] está se perdendo. Os herdeiros não querem ficar no campo. Então se substitui todo o campo nativo para plantar uma monocultura, e isso está exterminando o ambiente associado ao gato-palheiro", relata o biólogo. Além da perda de território, o gato-palheiro enfrenta outras ameaças graves. Entre elas estão a predação por cães domésticos, atropelamentos em rodovias que cortam seu habitat, incêndios utilizados para manejo de pastagens e a caça por retaliação, quando o felino preda animais de criação. Sua principal adaptação de sobrevivência se tornou uma fraqueza: ao se sentir ameaçado, o instinto do animal é deitar-se e permanecer imóvel, confiando em sua camuflagem. A tática, eficaz contra predadores naturais, não oferece proteção contra cães que caçam pelo faro ou veículos em alta velocidade. Com um número de indivíduos tão baixo, a espécie foi classificada como "criticamente em perigo", o último estágio antes da extinção na natureza. Mesmo em cenários mais otimistas, que consideram uma maior disponibilidade de habitat, a classificação de risco permanece como "em perigo". Um dos dados mais alarmantes é que menos de 1% (0,73%) das áreas consideradas de alta qualidade para o gato-palheiro estão dentro de unidades de conservação. Isso significa que os melhores refúgios para a espécie estão quase totalmente desprotegidos. As poucas populações restantes ainda se conectam por corredores ecológicos frágeis, essenciais para a troca genética e a sobrevivência a longo prazo. No entanto, um mapa de ameaças futuras revela que 93% dessas "linhas de vida" estão justamente em áreas com alto risco de serem convertidas para uso humano nos próximos anos. Para tentar reverter o cenário, especialistas do Projeto Felinos do Pampa atuam em várias frentes. As ações incluem a sinalização de pontos críticos de atropelamento, campanhas de vacinação de animais domésticos para evitar a transmissão de doenças e o diálogo com produtores para mitigar a caça retaliativa. A principal estratégia, contudo, é combater a perda de habitat. "O gato-palheiro é um bicho esquivo, furtivo, cinza, com lista preta nas patas, é difícil de ver, tem uma densidade muito baixa, não tem aquele padrão de roseta e pinta, de jaguatirica. Então é um bicho que sempre ficou escondido. E a gente, nesses últimos anos, está batalhando para que as pessoas conheçam ele, assimilem o valor que esse bicho teme porque ele é aqui do sul, é um gato gaúcho", completa Peters. Saiba mais sobre o gato-palheiro-pampeano Características: adultos pesam de 2 a 6 kg. A pelagem varia de cinza a pardo, com listras pretas nas patas. O nariz é rosado, e as orelhas são triangulares. Hábitos: ativo de dia e de noite, sua dieta inclui rãs, aves e pequenos roedores. Ocorrência: espécie endêmica do Pampa, restrita ao sul do Rio Grande do Sul, Uruguai e nordeste da Argentina. Como ajudar a proteger os felinos silvestres Cuidado nas rodovias: respeite os limites de velocidade, principalmente à noite. Guarda responsável: mantenha cães e gatos domésticos em casa e com a vacinação em dia. Ataque a animais de criação: caso um felino ataque galinhas ou outros animais, entre em contato com órgãos ambientais como a Polícia Ambiental (190) ou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) (0800 061 8080). Denuncie: caça, captura ou manutenção desses animais em cativeiro é crime. A pelagem varia de cinza a pardo, com listras pretas nas patas Felipe B. Peters VÍDEOS: Tudo sobre o RS

FONTE: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2025/12/20/fantasma-dos-pampas-conheca-o-gato-selvagem-que-vive-no-rs-e-e-um-dos-mais-raros-do-mundo.ghtml


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