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Em três meses de atuação, Águas do Pará acumula reclamações de desabastecimento e água com ferrugem na Grande Belém
17/12/2025
(Foto: Reprodução) Representante da Águas do Pará dá explicações sobre falta de água
Há três meses, a concessionária Águas do Pará assumiu os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário em Belém, Ananindeua e Marituba. Desde então, moradores têm registrado diversas reclamações sobre a qualidade do atendimento.
Segundo relatos, são frequentes as denúncias de falta de água ou de fornecimento com má qualidade, situação que tem sido comunicada diariamente por consumidores.
Para esclarecer as dúvidas e responder às queixas da população, um representante da Águas do Pará foi procurado para comentar os problemas e explicar como o serviço vem sendo prestado.
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Para entender o que está acontecendo, a reportagem da TV Liberal conversou com o representante da concessionária Águas do Pará, o diretor-presidente da empresa, André Facó, que falou sobre as reclamações e os desafios enfrentados desde que a concessionária assumiu os serviços no estado.
Segundo a concessionária, estão sendo realizados serviços de reparo e manutenção na rede de abastecimento. No entanto, uma das principais reclamações dos consumidores é a falta de aviso prévio, o que impede o armazenamento de água antes das interrupções.
Facó explica que o sistema de abastecimento que atende Belém, Ananindeua e Marituba é composto por estações de tratamento de água, três ao todo, e cerca de 115 poços. Segundo ele, esses sistemas têm entre 30 e 40 anos e precisam passar por reformas e melhorias. Por isso, logo após a entrada da concessionária, em 1º de setembro, foram iniciados investimentos da ordem de R$ 220 milhões.
"Primeiro, pensando em aumentar a produção de água e garantir mais oferta e qualidade para a população, 32 poços estão sendo reformados. Além disso, as estações de tratamento de São Brás e do Quinto Setor estão recebendo novos filtros, enquanto a estação do Bolonha, a maior do sistema, passou por uma reformulação na parte elétrica", diz.
De acordo com ele, o processo é semelhante à reforma de uma casa. Em decorrência dessas obras e melhorias, em alguns momentos é necessário realizar interrupções no serviço.
"São serviços programados que a gente consegue avisar ao cliente, ao consumidor. Mas existem outras paradas que são emergenciais, por esses sistemas realmente serem muito antigos. Dia 4 de dezembro ocorreu na travessa Pernambuco que fica mais ou menos na Batista Campos, tivemos que fazer uma interrupção no sistema para recuperar os equipamentos, que por conta de uma queda de energia, tiveram avarias. E por conta disso, a gente teve impacto, por exemplo no bairro de Campinas, parte do Reduto e do Comércio", conta.
Segundo o diretor, ao longo dos primeiros 15 dias de dezembro, intervenções atingiram o primeiro, segundo e terceiro setores, que abrangem bairros como Campina, Cidade Velha, Reduto, Nazaré e Batista Campos. Ele explica que todas essas áreas são interligadas pelo mesmo sistema.
Um levantamento realizado pela produção do Bom Dia Pará, que monitorou as mensagens enviadas pelos telespectadores, em 48 horas foi possível identificar reclamações de moradores sobre falta de água ou baixa pressão em pelo menos 20 bairros de Belém.
Em abril deste ano, o grupo Aegea, responsável pela concessionária, venceu o leilão de concessão dos serviços de água e esgotamento sanitários realizados pela Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa). A empresa venceu três dos quatro lotes leiloados na sede da B3, em São Paulo.
Os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário da concessionária englobam 99 municípios do Pará e estavam previsto para começar em 2026. Porém, segundo a empresa, um pedido feito pelo Governo do Estado antecipou a operação definitiva em Belém e nos dois municípios da região metropolitana.
Moradora relata falta de água frequente
Torneiras ficaram vazias em vários bairros
José Eduardo Lima/g1
Uma moradora do bairro da Guanabara contou que a falta de água é frequente e ocorre quase toda semana. Ainda segundo ela, as interrupções ocorrem sem qualquer aviso prévio, o que dificulta o planejamento da rotina.
Ela relata ainda as dificuldades enfrentadas no dia a dia, como chegar do trabalho e não encontrar água em casa, além de problemas para dar banho nas crianças.
Ainda de acordo com ela, a situação também afeta o comércio local, especialmente restaurantes e estabelecimentos que trabalham com alimentação, que sofrem prejuízos com a falta de abastecimento. A principal reclamação é justamente a ausência de comunicação antecipada sobre as interrupções.
André explica que a população pode saber se haverá falta de água no bairro por meio dos canais de comunicação disponibilizados pela concessionária. As informações, assim como observações, reclamações, sugestões e pedidos, podem ser feitas pelas redes sociais da empresa, pelo aplicativo Águas App ou pelo telefone 0800 0191 0091.
"Nossos canais funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana, para exatamente ter esse contato direto com o cliente. Quando nós temos um problema, nós normalmente avisamos por meio das nossas redes sociais, para que o cliente possa já de imediato se antecipar e de alguma maneira fazer essa reserva", diz.
Água suja no Tenoné
Um morador do bairro do Tenoné, relata que a água que chega ao conjunto onde vive apresenta má qualidade. Segundo ele, as roupas brancas ficam amareladas, a máquina de lavar acumula ferrugem e, em alguns momentos, a água sequer pode ser usada para preparar alimentos.
Diante da situação, os moradores passaram a comprar água mineral tanto para beber quanto para cozinhar, o que gera ainda mais gastos. A principal dúvida levantada por ele é se a Águas do Pará tem algum projeto para melhorar a qualidade da água que vem sendo oferecida à população.
Facoque afirma que a concessionária atua tanto para ampliar a quantidade quanto para melhorar a qualidade da água distribuída. Destaca ainda que, em Belém, Ananindeua e Marituba, a produção da água é de responsabilidade da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), que capta e fornece a água para que a Águas do Pará faça a distribuição.
Segundo o diretor, diante da urgência das melhorias, a concessionária priorizou investimentos nas estações de tratamento e nos poços operados pela Cosanpa, com o objetivo de garantir água de melhor qualidade e evitar os problemas relatados pela população. Ele explica que a água do Pará é subterrânea e naturalmente rica em ferro, o que pode causar manchas em roupas brancas e dificultar o uso em atividades básicas, como cozinhar.
De acordo com ele, neste momento estão sendo implantados novos filtros e realizadas reformas nos sistemas de filtragem das estações de tratamento, justamente para reduzir esses impactos e melhorar a qualidade da água fornecida.
"Em relação a essas águas subterrâneas, nós estamos implantando filtros eólitas, que são minerais que ficam ali dentro, como se fosse um filtro normal, só que ao invés de ser areia, são outros tipos de suporte para garantir a remoção desse ferro. Essa água que vai ser disponibilizada para a população é água potável, uma água que na verdade para ser potável, ela tem que seguir determinados requisitos do Ministério da Saúde, ou seja, ao ser bebida ela não vai trazer qualquer tipo de risco para a população", avalia.
Festas de fim de ano
Com a chegada das festas de fim de ano, como Natal e Ano-Novo, período em que mais pessoas ficam em casa por conta das férias escolares, a concessionária foi questionada sobre o funcionamento dos serviços durante possíveis desabastecimentos.
Segundo o diretor, o atendimento seguirá normalmente, com equipes de plantão 24 horas por dia, sete dias por semana, ao longo de todo o ano. A população pode acionar os serviços por meio do telefone 0800 0191 0091, das redes sociais ou do aplicativo Águas App, que funcionam de forma ininterrupta.
A concessionária informa ainda que as equipes serão reforçadas durante o período e que, sempre que necessário, os trabalhos podem ocorrer inclusive durante a madrugada para restabelecer o abastecimento o mais rápido possível. O compromisso, segundo a empresa, é receber as demandas da população e atuar com agilidade para solucionar os problemas registrados.
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